
• Lista de Répteis da Bahia, Brasil [PDF]
• Jacarés [PDF]
• Quelônios [PDF]
• Lagartos [PDF]
• Anfisbenas [PDF]
• Serpentes da Bahia, Brasil [PDF]
• Serpentes de Salvador, Bahia, Brasil [PDF]
• Serpentes de importância médica do Nordeste do Brasil [PDF]
Por muito tempo os répteis foram definidos como animais que rastejam, que têm pele recoberta por escamas e que possuem “sangue frio”, por não controlar internamente a sua temperatura, como as tartarugas, cágados, jabutis, jacarés e crocodilos, dinossauros, largartos e serpentes. Inclusive o nome dado ao grupo, vem do latim reptare ou reptum, que significa “rastejar”. Este conhecimento está hoje totalmente ultrapassado e os répteis não representam mais a Classe REPTILIA. Sabe-se atualmente que nem todos os répteis rastejam e que os jacarés são mais aparentados às aves (e também aos extintos dinossauros) do que aos lagartos, às cobras e às tartarugas, embora na prática os jacarés continuem sendo tratados junto com esses animais, dentro do que chamamos de répteis. Também sabe-se que alguns grupos de dinossauros eram endotérmicos, ou sejam, tinham a capacidade de regular internamente a temperatura corpórea, como aves e mamíferos.
Vocês podem observar que é fácil falar dos répteis, mas não é muito fácil definí-los porque filogeneticamente os répteis não são uma linhagem evolutiva isolada, como se pensava antigamente. De fato, jacarés compartilham mais características com as aves do que com os lagartos, então as aves deveriam ser répteis ou os jacarés deveriam ser considerados aves? Se considerarmos as aves como répteis, podemos dizer que os dinossauros não desapareceram!
A Biologia, particularmente a área da sistemática biológica (a que dá conta da classificação biológica, responsável pelo processo de classificar os organismos em grupos e pelo produto deste processo, que é o próprio esquema classificatório) experimentou uma revolução em sua teoria e aplicação nos últimos 30 anos, especialmente no que diz respeito à reconstrução filogenética. Assim, neste Projeto tomamos como base, a Biologia Comparada, que é a ciência da diversidade da Vida, que lida com 3 elementos distintos: i) descrições de organismos (em termos de semelhanças e diferenças em suas características); ii) a história filogenética dos organismos ao longo do tempo e iii) a história da distribuição dos organismos no espaço (Biogeografia).
Assim, é que segundo os estudos de Biologia Comparada, dentro dos AMNIOTA (que possuem ovo com córion, âmnio e alantóide) houve uma divisão inicial que produziu 2 linhagens evolutivas que incluem a grande maioria dos vertebrados terrestres viventes: os SINAPSIDA e os SAUROPSIDA. Ver filogenia de Amniota em http://tolweb.org/tree?group=Amniota&contgroup=Terrestrial_Vertebrates.
Os mamíferos são SYNAPSIDA, pois possuem crânio originalmente com 1 par de aberturas temporais (Sinapsida), hoje já modificado com o fechamento das mesmas. Ver filogenia de mamíferos em http://tolweb.org/Synapsida/14845.
O que chamamos de Répteis e Aves são SAUROPSIDA, divididos em basicamente 2 linhagens: 1) a das tartarugas (cuja posição dentro do grupo ainda é questionada porque há uma discussão se têm crânio sem aberturas temporais – Anapsida – ou se têm originalmente 2 pares destas aberturas – Diapsida – que assim como os mamíferos foram fechadas ao longo do tempo) e 2) a dos jacarés, dinossauros e aves (ARCHOSAURIA) e dos lagartos, anfisbenas e serpentes (LEPIDOSAURIA), todos com crânio DIAPSIDA. Caso se descubra que as tartarugas tinham mesmo crânio com 2 pares de aberturas temporais, todos os SAUROPSIDA, passam a compartilhar a mesma característica de crânio Diapsida (2 pares de aberturas temporais que sofreram adaptações nos diferentes grupos).

Crânio Sinapsida

Crânio Anapsida

Crânio Diapsida
Parece complicado mas não é. Como será muito difícil abandonarmos o termo Répteis, cujo táxon de Classe já não é considerado válido por alguns autores como Pough et al. (2008), pelo termo Sauropsidas ectotémicos (que é o que realmente são considerados atualmente), vamos caracterizá-los aqui como animais:
• com crânio Anapsida ou Diapsida
• com pele coberta por escamas
• ectotérmicos, pois não regulam internamente a temperatura do seu corpo e incluir as tartarugas, jacarés, lagartos, serpentes e anfisbenas neste grupo.
Atualmente existem 9.285 espécies de Répteis no planeta, das quais 102 foram descritas só no ano de 2010. O Brasil ocupa a segunda colocação na relação de países com maior riqueza de espécies de répteis, atrás apenas da Austrália (864 espécies), mas à frente do México, Índia, Indonésia, Colômbia, China e Peru. Até maio de 2010, a Sociedade Brasileira de Herpetologia reconheceu 721 espécies de répteis naturalmente ocorrentes e se reproduzindo no Brasil, entre elas, 371 serpentes, 241 lagartos, 67 anfisbênias, 36 quelônios e 6 jacarés.
Na Bahia, até 28 de Fevereiro de 2011 são 246 espécies de répteis: 131 serpentes, 81 lagartos, 19 de anfisbenas, 13 de quelônios marinhos e 2 de jacarés. Como podemos observar a herpetofauna da Bahia é bastante diversificada, representando de maneira geral, 1/3 da fauna nacional destes animais.
Para validar os nomes e informações sobre os táxons usamos o REPTILE DATABASE que disponibiliza informações sobre a classificação de todos os répteis viventes através da lista de todas as espécies de serpentes, lagartos, anfisbenas, tuataras, quelônios e jacarés, no site http://www.reptile-database.org/. Utilizamos também a Lista de Répteis do Brasil, atualizada por Renato Bérnils (2010), pela Sociedade Brasileira de Herpetologia, no site http://www.sbherpetologia.org.br/checklist/repteis.htm.
Rejâne Maria Lira-da-Silva
Forma de citação deste texto: LIRA-DA-SILVA, RM. 2011. Biota Bahia: Acervo Impresso e Digital dos Répteis e Aracnídeos da Bahia, Brasil. Núcleo Regional de Ofiologia de Animais Peçonhentos, Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia. Disponível em: http://www.noap.ufba.br/biotabahia, acessado em ......... (incluir a data da consulta). |